por: Fatima Fontenelle
Vivemos atualmente em uma sociedade extremamente permissiva, hedonista, voltada para o prazer e para o entretenimento.
Que crianças e jovens estamos formando?
Estarão preparados para enfrentar os percalços e desafios ao longo da vida?
Vamos refletir sobre o assunto.
A sociedade permissiva e hedonista, voltada para o prazer e entretenimento, pode ter uma correlação negativa na educação das crianças e dos jovens, é muito importante dar limites, dizer NÃO para que eles estejam melhor preparados para a tolerância às frustrações ao longo da vida.
Em uma sociedade que valoriza a gratificação instantânea e o prazer imediato, pode ser difícil para os indivíduos entenderem a importância do sacrifício a curto prazo em benefício do longo prazo.
Em uma sociedade onde as pessoas são encorajadas a seguir seus desejos sem restrições, a capacidade de dizer não pode ser vista como uma fraqueza, em vez de uma virtude. Isso pode levar a um enfraquecimento da capacidade dos indivíduos para resistir a tentações e ao desejo de fazer escolhas difíceis em favor de objetivos de longo prazo.
A educação, no entanto, pode ajudar a combater esses efeitos negativos, fornecendo uma base sólida para o pensamento crítico e a tomada de decisões. Através da educação, os indivíduos podem desenvolver uma compreensão mais profunda dos benefícios a longo prazo de dizer não às tentações imediatas e cultivar a disciplina e a resiliência necessárias para alcançar seus objetivos.
Portanto, é importante reconhecer e dar limites, estabelecer regras claras, seja na escola, na família ou em qualquer outro ambiente possibilitando a formação de indivíduos capazes de tomar decisões fundamentadas, pensadas e coerentes e também resistir às pressões de grupos os tornando mais seguros e menos vulneráveis às tentações e modismos.
E tudo isso começa com a capacidade de dizer não principalmente no cerne familiar.
A frustração na educação dos filhos, é o não necessário!
A frustração é um elemento importante na educação dos filhos, pois ajuda a desenvolver a capacidade de lidar com emoções e sentimentos difíceis.
Quando os pais permitem que seus filhos experimentem a frustração e o não, eles estão ajudando-os a desenvolver habilidades importantes para a vida, como paciência, resiliência, perseverança e autocontrole. Quando os pais dizem não, eles estão ensinando aos filhos que há limites e regras a serem seguidas na vida, e que nem tudo é possível ou permitido. Isso ajuda a prepará-los para o mundo real, onde eles terão que lidar com frustrações e limitações em suas vidas.
O não é uma ferramenta importante para ensinar aos filhos os limites e as consequências de suas ações.
Quando os pais permitem que seus filhos experimentem a frustração e o não, estão ajudando-os a desenvolver a habilidade de lidar com a rejeição e o fracasso. Quando as crianças não obtêm o que querem imediatamente, elas têm a oportunidade de aprender a lidar com a decepção e a buscar outras soluções para alcançar seus objetivos. Isso pode ajudá-los a se tornarem adultos mais resistentes e confiantes.
No entanto, é importante que os pais encontrem um equilíbrio entre permitir que seus filhos experimentem a frustração e o não, e fornecer-lhes apoio emocional e orientação. Explicar aos filhos os motivos por trás de suas decisões e oferecer alternativas quando possível e soluções construtivas para ajudá-los a lidar com a situação.
Mas, as crianças e jovens passam grande parte do tempo nas escolas, portanto a implementação de uma política de limites e regras em escolas deve ter o apoio e a parceria da família, para garantir que todos estejam recebendo a mesma mensagem em casa e na escola, essa consonância é importantíssima.
Algumas sugestões para refletirmos juntos:
- Definir expectativas claras: As regras e limites devem ser claramente definidos e comunicados a todos os pais e alunos. Isso pode ser feito através de reuniões de pais, comunicados ou folhetos informativos.
- Apoio das famílias: É importante envolver as famílias nas regras e limites pré estabelecidos no regimento da escola. Isso ajuda a garantir que as regras estejam alinhadas com as expectativas e valores da comunidade escolar.
- Consequências claras: Deve haver consequências claras e consistentes para as violações das regras e limites, para garantir que os alunos entendam as consequências de suas ações e promovam a responsabilidade pessoal.
- Monitoramento constante: A política de limites e regras deve ser monitorada continuamente para garantir que ela esteja funcionando de forma eficaz e para fazer ajustes quando necessário. Os pais devem ser mantidos informados sobre quaisquer alterações ou atualizações.
- Comunicação aberta: É importante manter uma comunicação aberta e transparente com as famílias, para que elas possam entender as razões por trás das regras e limites e para que possam trabalhar em conjunto com a escola para garantir que os alunos estejam recebendo uma educação segura e positiva.
Ao implantar uma política de limites e regras em parceria com a família, as escolas podem ajudar a garantir que os alunos recebam uma mensagem consistente em casa e na escola, o que ajudará a promover um ambiente educacional saudável e positivo para os alunos.
Em resumo, o NÃO, às regras, os limites e a frustração têm muita relevância na educação das crianças e jovens, pois ajudam a desenvolver competências e habilidades para que possam enfrentar os muitos desafios ao longo da vida, como paciência, resiliência e autocontrole.
Pensando na implantação de uma cultura não violenta nas escolas qual seria a importância dos limites das regras, da frustração da necessidade do não
A implantação de uma cultura não violenta nas escolas é extremamente importante para garantir um ambiente seguro e acolhedor para todos os alunos. E os limites, regras e a frustração do “não” são elementos fundamentais para essa cultura.
Os limites e regras claras ajudam a estabelecer uma base de respeito mútuo e promovem a segurança emocional e física dos alunos. Eles fornecem um senso de previsibilidade e consistência que ajuda os alunos a se sentirem seguros e protegidos. Além disso, a clareza das regras e limites ajuda a prevenir conflitos e situações violentas.
A frustração e a necessidade de dizer “não” também são importantes na construção de uma cultura não violenta. Ensinar aos alunos a lidar com a frustração e a lidar com as emoções difíceis é fundamental para desenvolver habilidades de resolução de conflitos e empatia. Aprender a lidar com o “não” ajuda os alunos a entender que nem sempre podem ter o que querem e que é importante respeitar as necessidades e limites dos outros.
Ao estabelecer uma cultura não violenta nas escolas, é importante garantir que os limites, regras e frustração do “não” sejam aplicados de forma justa e consistente. Isso ajudará a garantir que todos os alunos se sintam seguros e respeitados e ajudará a criar um ambiente escolar positivo e acolhedor. Além disso, a cultura não violenta pode ajudar a reduzir o bullying, a violência e outras formas de comportamento agressivo nas escolas, criando um ambiente de aprendizagem mais saudável e produtivo para todos os alunos.
Outlines
A importância do “não” na educação de crianças e jovens é um tema recorrente na literatura sobre desenvolvimento infantil e educação. Tanto na escola quanto na família, dizer “não” é uma forma de estabelecer limites e regras que ajudam a promover o desenvolvimento saudável e responsável dos alunos. A seguir, são apresentados alguns tópicos que destacam a importância do “não” nas escolas e na família:
I. Estabelecimento de limites
- O “não” é uma forma clara de estabelecer limites e regras que ajudam a promover o respeito mútuo e a segurança emocional e física dos alunos.
- O estabelecimento de limites ajuda a prevenir conflitos e comportamentos agressivos, promovendo um ambiente de aprendizagem positivo e saudável.
II. Desenvolvimento da auto-regulação emocional
- Aprender a lidar com a frustração e com o “não” é importante para o desenvolvimento da auto-regulação emocional, habilidade que permite aos alunos lidar com emoções difíceis e desenvolver resiliência e autocontrole.
III. Ensino de responsabilidade
- O “não” também é importante para ensinar responsabilidade, pois ajuda os alunos a entender que suas ações têm consequências e que eles devem ser responsáveis por suas escolhas.
IV. Preparação para a vida adulta
- Aprender a lidar com o “não” também é uma preparação para a vida adulta, onde nem sempre é possível ter tudo o que se quer e é importante saber lidar com as frustrações e desafios.
V. Parceria entre escola e família
- É importante que escola e família trabalhem juntas para estabelecer limites e regras claras, que sejam aplicadas de forma justa e consistente, a fim de promover um ambiente de aprendizagem saudável e seguro.
VI. Promoção de empatia
- Aprendendo a lidar com o “não”, os alunos também desenvolvem empatia e respeito pelos limites e necessidades dos outros.
Em resumo, o “não” é uma ferramenta fundamental na educação de crianças e jovens, tanto na escola quanto na família. Ele ajuda a estabelecer limites, promover a auto-regulação emocional e ensinar responsabilidade, além de preparar os alunos para a vida adulta. A parceria entre escola e família é importante para garantir que os limites e regras sejam aplicados de forma justa e consistente, e a promoção da empatia é um benefício adicional desse processo
Autores que abordam a importância dos limites nos jovens.
- Ana Maria Saad em “Limites sem traumas”: A autora defende que os limites são essenciais para o desenvolvimento saudável dos jovens e oferece sugestões práticas para os pais implementarem limites de forma eficaz.
- Içami Tiba em “Quem ama, educa”: O autor argumenta que o amor e a disciplina são fundamentais para a educação dos jovens, e que os pais devem estabelecer limites claros e consequências para as violações desses limites.
- Luiz Carlos Prado em “Limites: A experiência da falta”: O autor explora as consequências da falta de limites na vida dos jovens, incluindo problemas de comportamento e baixa autoestima.
- Ross Campbell em “Como realmente amar seu filho”: O autor defende que os limites são uma expressão de amor e ajudam a proteger os jovens de problemas como o uso de drogas e o comportamento inadequado.
- Jane Nelsen em “Disciplina Positiva”: A autora propõe uma abordagem de disciplina baseada em respeito mútuo e colaboração, que inclui estabelecer limites claros e ajudar os jovens a desenvolver habilidades sociais e emocionais.
- Cynthia Whitham em “A resposta é NÃO”
- Nancy Samalin em “Amar sem Mimar”
- T. Berry Brazelton: O pediatra americano T. Berry Brazelton escreveu sobre a importância dos limites no desenvolvimento infantil em seu livro “Disciplina – O Que Fazer Quando Tudo Parece Ter Falhado”. Ele argumenta que os limites fornecem às crianças um senso de segurança e ajudam a desenvolver a autoconfiança.
- Dan Siegel: O neuropsiquiatra americano Dan Siegel, autor de “Mente Plena Para Pais” e “Mente Plena Para Adolescentes”, enfatiza a importância de estabelecer limites claros e consistentes para ajudar os adolescentes a desenvolver a auto-regulação emocional e cognitiva.
- Amy Chua: A professora de direito americana Amy Chua escreveu “Mãe de Tigre” onde descreve a educação dos seus filhos utilizando-se de limites rigorosos, o que ela chama de “pontos de desafio”. Ela argumenta que os limites ajudam a preparar os filhos para o sucesso na vida.
- James Lehman: O autor americano James Lehman, criador do programa “Total Transformation” para pais com dificuldades em disciplinar seus filhos, destaca a importância de limites claros e consequências previsíveis na criação de crianças e adolescentes responsáveis.
- Ross W. Greene: O psicólogo americano Ross W. Greene, autor de “A Criança Explosiva”, enfatiza a importância de encontrar soluções colaborativas para os problemas comportamentais dos jovens. Ele argumenta que a abordagem de limites e punições nem sempre é eficaz, e que é importante trabalhar com os jovens para entender suas necessidades e limitações.
Esses autores oferecem diferentes perspectivas sobre a importância dos limites para o desenvolvimento saudável dos jovens, cada um com suas próprias abordagens e métodos. A leitura de suas obras pode ser útil para os pais e educadores que desejam aprofundar sua compreensão sobre o assunto
Esses autores e muitos outros reconhecem a importância dos limites na vida dos jovens e oferecem sugestões práticas para os pais e educadores implementarem limites de forma eficaz