por Analu Bussular
Em um mundo recheado de estímulos, como conseguir a atenção do aluno na sala de aula?
A atenção é um estado de percepção da mente, que pode ser seletivo ou focado. Ela faz com que a pessoa receba as informações do ambiente de forma passiva. O foco, por sua vez, é voltado ao objetivo em si, o que se planeja fazer, aonde se quer chegar.
Os dois conceitos acabam andando juntos, e a atenção costuma ser definida através da capacidade de manutenção de um foco, seja de um estímulo ou informação, entre as inúmeras que obtemos o tempo todo através dos nossos sentidos, memórias e demais processos cognitivos. O foco faz com que dirijamos nossa atenção para o estímulo que julgamos ser mais importante em um determinado momento, e os que não são principais passam a fazer parte do plano de fundo. É assim que conseguimos, por exemplo, manter uma conversa com uma pessoa em um ambiente lotado, ouvindo o burburinho das outras pessoas, mas sem captar o que todas elas também estão falando.
A atenção e a aprendizagem estão intimamente ligadas, pois se referem à forma com a qual processamos as informações presentes em nosso ambiente. Um aluno, quando assiste à aula, está inserido em um contexto onde várias coisas estão acontecendo simultaneamente: sons, sensações, pessoas passando, amigos em movimento, temperatura, pensamentos e memórias, ou seja, está processando várias informações ao mesmo tempo. Para haver a aprendizagem, é necessário que a atenção desse aluno seja captada; que ele consiga transformar a aula no seu foco.
Conversamos sobre esse assunto com a neuropsicóloga Nathália Oliveira, e ela nos falou o seguinte:
“Não dá para separar a atenção da aprendizagem, porque se a gente para para pensar em termos cognitivos, a atenção é a nossa habilidade de selecionar estímulos, já que recebemos milhões de estímulos o tempo todo. Com várias coisas acontecendo ao nosso redor, precisamos ter a capacidade de selecionar o objeto no qual se prefere prestar atenção e escolher manter a atenção nesse foco, ou seja, saber sustentar a atenção. Algumas pessoas falam que não conseguem aprender porque têm dificuldade de memorizar, mas a atenção vem muito antes de memória, porque antes de conseguir processar e memorizar um assunto, é preciso escolher se atentar a ele. Atualmente estamos passando por um momento em que as crianças têm precisado de cada vez mais intensidade nos estímulos para conseguirem manter a atenção. É necessário também se ater à saúde e à disposição, já que pessoas cansadas, por exemplo, terão muito mais dificuldade em ater sua atenção no tema proposto.”